Como uma escritora iniciante, eu começaria escrevendo à mão.
- Jamile Castro Félix

- 5 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jun.
Na verdade, foi desse jeitinho que comecei.
Depois escolhi uma boa caneta e um caderno de estimação.
Tá aí... caro, escritor iniciante.
Um conselho que teria sido valioso nos meus primeiros flertes com a literatura: escrever mais à mão.

No mundo de hoje, onde papel e caneta são frequentemente trocados por celulares e telas de computador, pode parecer quase contraintuitivo optar pela escrita manual, não acha?
No entanto, escrever à mão transcende a mera praticidade.
É um elemento essencial — ou pelo menos deveria ser. Como um ritual de qualquer escritor.
Pense em como os escritores de outrora criavam suas obras sem o auxílio de um teclado (ou de uma máquina de escrever — o que eu queria ter). Lápis e tinta eram os únicos meios de libertar as palavras de suas mentes. Essa conexão direta entre cérebro e a mão é a mais rápida e autêntica forma de escrever.
Será que tô dizendo o óbvio?
“Ai, mas minha letra é feia”… nem me venha com essa, bb.
Escrever no papel não tem nada a ver com isso.
Bem, é que no universo da escrita, a beleza da caligrafia é secundária; o que realmente importa são as palavras. Nisso você concorda comigo?
As palavras são a transcrição de uma certa voz, a exposição íntima dos pensamentos em uma página.
De um jeito que só um individuo pensante poderia fazer.
Não estou sugerindo que você abandone o teclado ou o computador — isso seria quase impensável hoje em dia. Mas estou encorajando você a se reconectar com essa prática ancestral.
Experimente essa magia antiga, ainda tão acessível e reveladora. Pode ser uma ponte para se descobrir no papel, para encontrar sua maneira única de se comunicar com o mundo, antes de transpor suas ideias para a tela digital.
Lembre-se, toda grande história começa com um esboço rabiscado.
Então, por que não pegar aquele lápis gasto e mal apontado, abrir aquele caderno empoeirado que você guardou, e começar a rascunhar?
Não precisa esperar um momento perfeito. Pode ser à meia-noite, ao som de um ventilador, ou, no meu caso, ao som dos meus dois cachorros latindo em direção ao vento.
Afinal, esses ruídos noturnos podem ser a trilha sonora ideal para um escritor em ascensão, você não acha?

Parece-me que iniciar na escrita — possui um ou mais rituais que os escritores costumam ignorar.
Gosto de recomendar e dizer de forma muito pomposa: escolha seu instrumento de escrita favorito.
Caneta, lápis ou lapiseira (gosto dos três), é preciso ter uma preferência. Ser chato com nossos gostos pode ser vantajoso; se soubermos como agir.
A preferência aqui envolve marca, cor, tamanho, entre outros aspectos.
Escolha aquele que melhor combina com você, que agrada seus sentidos, que parece uma extensão natural da sua mão.
Para exemplificar, prefiro escrever com um lápis de desenho da Faber-Castell (uso o 2B), mas tenho usado canetas ultimamente. Em maioria, são canetas ink (ou gel).
Uniball, Papermate, do tipo nanquim, são as minhas favoritas.
Há uma que prefiro ainda mais. Da Pentel, cor preta. Desliza tão bem e no papel marfim resulta em uma leitura agradável.
Também tenho uma antiga, a caneta Compactor Top 2000 na cor azul. Ela é fina, também desliza suavemente pelo papel, e me permite escrever rapidamente.
Então, escolha sua caneta e faça dela sua companheira constante. Afinal, nunca se sabe quando a inspiração vai bater à sua porta.
Outro ritual que aconselho: Escolha um caderno especial — mas não qualquer um.
Considero uma etapa crucial. Não se trata de pegar o primeiro caderno que encontrar.
O caderno precisa capturar sua atenção, encantar seus sentidos.
Pode ser pela estética da capa, pela textura das folhas, ou pelo preço (hehe). A beleza é um fator determinante aqui. Esforce-se para encontrar o caderno perfeito, mesmo que isso signifique investir um pouco mais do que o previsto.
Seja uma Moleskine elegante, uma agenda sofisticada, ou qualquer outro tipo, o importante é que ele seja visualmente atraente e desperte seu desejo de escrever.
Parece que estou inventando demais? Não tô, não. Vai por mim.
Escolha um caderno que ressoe com você, um que não veja somente como um conjunto de páginas, mas como um totem. Quando o combinar com seu estilo e personalidade, você dará naturalmente o valor merecido.
“O segredo de ser um escritor é que você precisa escrever. Pensar sobre escrever, sobre estudar literatura ou planejar seu futuro como escritor não é suficiente. Você realmente precisa se desprender, ficar sozinho e começar a trabalhar.”
— Augusten Xon Burroughs
Eu quis começar com um post sobre escrita, pois achei que seria mais apropriado. Tive muitas ideias, mas essa me pareceu interessante desde o início. Então, para quem estiver lendo isso do outro lado, espero que tenha sido útil de alguma forma.
Até a próxima!











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