Há momentos na vida que nos enforcam sem explicações. E outros que apertam o nó com requintes de crueldade.
 

Claire Ergminton vive um casamento de fachada enquanto cumpre suas obrigações como a herdeira de um império de luxo. Entre bolsas, relatórios e silêncios impecáveis, todos a conhecem como a dama de ferro — sempre de luvas e intocável.
 

Para proteger o sobrenome de sua falecida mãe, ela encobre os escândalos e as traições do marido, Willard Corindon, limpando seus rastros e mantendo-se distante, polida, com gestos contidos.

Tudo em Claire é calculado. Inclusive a solidão.
 

No entanto, por trás das luvas e da frieza esconde-se mais do que uma armadura: há uma dor antiga, impossível de curar.
 

E assim Claire seguia seus dias — preocupando-se com a irmã mais nova, evitando qualquer contato com o pai, ansiando apenas pelo momento de chegar em casa, sentar-se em sua poltrona verde favorita e descansar até que outro dia começasse.
 

Mas numa noite que deveria ser como todas as outras, o véu da rotina se desfaz.
 

Ao chegar em casa, Claire encontra Willard ferido no chão, uma arma apontada para a cabeça.
E sentado em sua poltrona — como se lhe pertencesse — está um estranho vestido de preto. Calmo, quase blasé, observando-a como quem aguarda um reencontro há muito adiado.
 

Seu nome é Heron Ashenveil. E ele não apareceu por acaso.
 

Claire conhece tempestades. Mas nenhuma como esta.
 

Entre memórias não ditas, ameaças elegantes e toques que jamais aconteceram, Claire terá de escolher: manter intacto o papel que a protege… ou encarar o passado que a assombra — e que veste preto, com um sorriso paciente e olhos que sabem demais.